O hematologista Alexandre Magno Pimentel, fundador e membro do Conselho Técnico da ASPPAH, confirmou, nesta quinta-feira, 12, em reunião com Maria da Assunção A. Nóbrega e Gittana Ivanoska de Assis, ambas da Diretoria de Atenção à Saúde da Secretaria da área do município de João Pessoa, sua disponibilidade para atuar como facilitador da primeira oficina sobre a doença falciforme. O evento está sendo programado pela para ocorrer no início de março, provavelmente no auditório do Complexo Hospitalar Mangabeira, uma vez que os primeiros profissionais a receberem esse tipo de treinamento atenderão naquela unidade.
“Estamos saindo da fase da timidez, mas vamos encarar a atenção à saúde do portador de anemia falciforme com o máximo de responsabilidade e carinho”, diz Assunção, que assumiu recentemente a DAS. Ela acrescenta que nessa primeira etapa o treinamento deve se concentrar em apenas duas áreas estratégicas: diagnóstico e tratamento. Alexandre estima que 3% da população paraibana possua o traço da anemia falciforme, e dentre estes um número ainda inestimável de pessoas com a doença falciforme.
A ASPPAH tem acesso aos dados básicos de cerca de 100 pessoas com a doença falciforme, atendidas pelo Dr. Magno, no Hospital Universitário Lauro Wanderlei, no campus I da UFPB, no bairro do Castelo Branco, e no Hemocentro da Paraíba, onde são atendidos pacientes de todas as regiões do interior da Paraíba.
Além da equipe do complexo municipal, a oficina deve envolver médicos e enfermeiros do hospital do Valentina, onde funcionará o atendimento de crianças com a doença falciforme. Em seguida, o alvo do grupo que está implantando o programa de atenção especial às pessoas acometidas na rede municipal será os profissionais que atendem nos CAIS e nos PSFs. “Queremos acabar na rede de João Pessoa qualquer desconhecimento desse grave problema de saúde entre aqueles que tratam dos pacientes diretamente”, diz Flaviana Alencar, coordenadora da ONG.
Úlceras
O grupo montado na DAS da Secretaria discutiu outra questão muito importante na doença falciforme: o tratamento de úlceras de pé e perna muito freqüentes nas pessoas acometidas por esse tipo de anemia. Nesse sentido ficou indicado a escolha de profissionais de enfermagem que lidam diretamente com as úlceras de pacientes com falcemia para viabilizar suas participações no 2º Congresso Brasileiro de Tratamento de Feridas, que vai ocorrer entre os dias 27 e 30 de maio na cidade de Salvador (BA). O evento é uma realização da Sociedade Brasileira de Enfermagem em Feridas e Estética (http://www.sobenfee.org.br/).
Alexandre disse que funciona no HU um “ambulatório do ulcerado”, onde trabalham enfermeiras experientes no tratamento das feridas difíceis de cicatrizar. O pessoal do município deve contactar profissionais da rede para incentivá-las a participar do evento. A ASPPAH também deve indicar enfermeiros e enfermeiras que lidam com o tratamento de úlceras prolongadas para irem ao congresso da Sobenfee.
Rede estadual
Em relação à rede estadual, ficou confirmado lançamento, no próximo dia 17 de março, da ampliação Programa Neonatal com a implantação da 2ª fase do Teste do Pezinho, que detecta anemia falciforme no início da vida dos bebês. A Secretaria de Saúde do Estado informa que os hospitais de referência para anemia falciforme na capital são, respectivamente, o Hospital de Trauma Senador Humberto Lucena, e o Arlinda Marques (pediatria).
A triagem neonatal deverá contar com os cinco distritos de saúde em João Pessoa, que já faz a coleta para o Pezinho. “O que vai ocorrer apenas é que o teste investigará um número mais ampliado de hemoglobinopatias na mesma coleta”, explica Gittana de Assis. Para os técnicos do município é preciso que o sistema funcione com qualidade, processando os kits de coleta nos prazos mínimos. Dr. Alexandre diz que a doença nos bebês só costuma se manifestar a partir do terceiro mês de vida, porque a criança nasce praticamente apenas com a hemoglobina fetal vinda da mamãe. “Mas já é possível ver indícios da anemia falciforme pelo teste do pezinho”, adianta.
A Dra. Joice Aragão, que coordena os programas para hemoglobinopatias no Ministério da Saúde confirmou sua vinda à João Pessoa. Ela agendou uma reunião específica com os coordenadores desta associação.