Odontólogos de JP recebem qualificação em doença falciforme

22 de Maio de 2012

 A Secretaria de Saúde de João Pessoa continua avançando no processo de preparação dos seus servidores na perspectiva de atuarem no Programa de Atenção Integral às Pessoas com Doença Falciforme da capital paraibana. Foi o que pode ser visto no último dia 18 no auditório central da Estação Ciência e Arte Cabo Branco durante a “Qualificação sobre a Saúde Bucal das Pessoas com Doença Falciforme”. O evento atraiu quase 200 profissionais da área, principalmente dentistas e assistentes de odontologia das Equipes de Saúde da Família que atuam na cidade.

No período da manhã aconteceram quatro palestras. A primeira delas proferida pelo hematologista pernambucano Aderson Araújo, diretor do Hemope e professor-titular da UFPE. Ele veio representando o Ministério da Saúde e mais especificamente a coordenação da Política Nacional de Atenção Integral às Pessoas com Doença Falciforme.

Em seguida Dandara Correia, responsável pelo Programa de Atenção Integral às Pessoas com Doença Falciforme de João Pessoa, fez um histórico de implantação do programa na cidade. Depois dela, a médica pediatra, coordenadora do Curso de Medicina da UFPB, Joacilda Nunes palestrou sobre a fisiopatologia e os aspectos clínicos da doença falciforme.

Ainda pela manhã, a odontóloga Marlene Cezini, da UFRJ, apresentou o tema “Manifestações e complicações orais na doença falciforme”. Na sequência foi aberto um espaço de tempo para que a platéia pudesse tirar dúvidas.

Após o intervalo do almoço, o evento teve prosseguimento com a palestra da professora Mirella Giongo, do Centro de Referência Odontológico em Doença Falciforme (CROFAL), ligado ao Departamento de Odontologia Social e Preventiva da UFRJ, que falou sobre “O Papel das ESB da ESF e dos CEOs na atenção à Saúde Bucal das Pessoas com Doença Falciforme”.

Em seguida foi a vez da doutora Márcia Alves, também ligada ao Departamento de Odontologia Social e Preventiva da UFRJ e consultora do Ministério da Saúde, que falou sobre “Saúde Bucal na Pessoa com Doença Falciforme – Manejo Odontológico”.

Para Mirella Giongo, a odontologia brasileira melhorou bastante nos últimos anos, mas a doença cárie ainda é um desafio, especialmente entre as populações mais carentes. Ela informa que nos últimos anos o número de dentes cariados em crianças até os seis anos caiu cerca de 30%. Já Márcia Alves disse que os serviços públicos em odontologia deveriam atuar com tecnologias mais simples e baratas. “Uma coisa é você atender um cliente no seu consultório particular, outra coisa é atender nos postos municipais”, disse.

Zuma Nunes, Aderson Araújo e Gittana Montenegro na mesa de abertura

As especialistas mostraram como a deformação das hemácias atua na formação dentária, tornando os dentes das pessoas com doença falciforme mais opacos e mais frágeis. Os pacientes com essa hemoglobinopatia também podem desenvolver maloclusão e osteomielite mandibular. As odontólogas da UFRJ também mostraram aspectos do manejo clínico para esses pacientes e deram informações sobre analgesia e anestesia nos tratamentos.

Coordenadores da Associação Paraibana dos Portadores de Anemias Hereditárias (ASPPAH) foram convidados a participar do evento. O pedagogo Zuma Nunes fez uma fala na mesa de abertura. Ele disse que a doença falciforme ainda é muito invisível no Sistema Único de Saúde e que esse tipo de qualificação ajuda a preparar os profissionais da saúde para atender melhor os pacientes.

Dalmo Oliveira, outro membro da ASPPAH, também se posicionou alertando que é preciso um olhar mais cuidadoso com os pacientes adolescentes, uma vez que estes já não são mais acompanhados por pediatras e acabam relaxando nos cuidados médicos, tornando-se mais vulneráveis aos processos de morbimortalidade que essa aminoacidopatia pode ocasionar. Marcelo Cidalina e Fabiana Veloso também acompanharam o evento.

Para obter mais informações técnicas sobre odontologia na doença falciforme, acesse:

http://www.saude.mt.gov.br/hemocentro/documentos/seminario/Manual_de.pdf